Encontrei você. Disseram-me que eu encontraria. Fechei aquele sentimento em meu corpo pra não sair de mim. Pra não me perder em você. Pra não me encontrar nos seus olhos. Quanto clichê. Quanta falta de criatividade, sua, minha, nossa, dos outros, de todos os outros. Na verdade espero lhe ver faz tempo. Ensaiei tantas vezes. Calei minha voz na sua tantas outras. Mas já foram escritas as mais intensas poesias, os versos mais madrigais; odes, elegias. Você cabe em tudo e eu nem sei mais nada. Talvez eu finja como Pessoa, completamente e deveras sinta a dor que escrevo. Talvez eu reinvente a vida, tenha medo de enxugar minhas lágrimas, talvez a minha primeira tenha caído dentro dos teus olhos. Talvez eu fale em silêncio e a vaga inquieta abra seu seio úmido de cansaço e me espere amanhã.
-Te amo porque te amo.
Ferreira, Karin Segalla.
Andrade, Carlos Drummond de.
Assis, Machado de.
Meireles, Cecília.
Pessoa, Fernando.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos e palavras de amor em minha roupa escritas. (Cecília M.)
quarta-feira, 27 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Aquele inverno
Hora de esquecer tudo de errado que há. Tudo de errado que ela fez. Lúcia não sabia controlar suas verdades. Da mesma forma que mentia deliberadamente. Buscava todo dia aquela razão ínfima, não sabia como, quando... Estava confusa. Queria aquela presença o tempo todo, aquela sensação, aquele peito, aquelas mãos, todo resto, cada pedaço, cada parte daquele todo, ai. -Lúcia, você me'spera? -Eu não sei. Sei de nada.
Tudo mudou, tudo. Controlava cada centímetro de seu corpo pra não pensar nela. Quando pensava, controlava-se mais ainda. Talvez pra não sair correndo, não ter um treco no coração por amar demais. Aquela mesma alma oferecida. Lúcia brincou com ela. Tirou a paz e os sentidos que lhe restavam. Dessa vez, Lúcia superou todas as outras coisas ruins que tivera feito. Fez dela o que quis. -E ela? -Nem se importou.
Escrevia cartas todos os dias, guardava, rasgava, outras dava para Lúcia ler. Essa, que por sua vez, também controlava todo aquele torpor que sentia ao ler, ao imaginar. Ela não queria casar, não queria prender-se. Lúcia era assim, era de todo mundo. Amava tudo, todos. Se entregava pra qualquer uma. Ela não. Ela queria ser só de Lúcia. Queria dar sua vida, seus poemas, sua música, sua alma, corpo, boca. Só queria dar pra receber. E deu tudo. Mas não recebeu nada. Talvez o que mereceu, por ser oferecida demais. Lúcia foi um pesadelo na vida de muitas outras. Ainda será. Ela espera que não, reza. Por ela, pelas outras, pelos outros, pros cachorros, pros pais dela, pelos seus avós, pela sua pele delicada, pelo seu corpo quente, por tudo o que vivera com Lúcia, tudo aquilo que não vivera. Era inverno mais uma vez. Mais uma vez ela esquecia. Mais uma vez ela queria esquecer.
- Lúcia, você volta? Não volta, por favor.
- Eu nem te conheço mais. Nunca te conheci. Não fala mais comigo.
- Quem não quis foi você.
- Eu nunca disse que queria.
Lúcia sabia ser grossa. Sabia ser irritante. Sabia provocar a máxima dos sentimentos ruins: a raiva. Com a raiva você perde a cabeça, diz um monte de merda. Mas ela não sentia raiva. Seu espírito não sabia mais o que era isso, depois de tanto tempo sentindo apenas prazer. Lúcia tinha seu lado bom. Seu único lado bom. Seu prazer.
- Let's make love?
- Prefiro meditar.
Karin Segalla Ferreira.
Tudo mudou, tudo. Controlava cada centímetro de seu corpo pra não pensar nela. Quando pensava, controlava-se mais ainda. Talvez pra não sair correndo, não ter um treco no coração por amar demais. Aquela mesma alma oferecida. Lúcia brincou com ela. Tirou a paz e os sentidos que lhe restavam. Dessa vez, Lúcia superou todas as outras coisas ruins que tivera feito. Fez dela o que quis. -E ela? -Nem se importou.
Escrevia cartas todos os dias, guardava, rasgava, outras dava para Lúcia ler. Essa, que por sua vez, também controlava todo aquele torpor que sentia ao ler, ao imaginar. Ela não queria casar, não queria prender-se. Lúcia era assim, era de todo mundo. Amava tudo, todos. Se entregava pra qualquer uma. Ela não. Ela queria ser só de Lúcia. Queria dar sua vida, seus poemas, sua música, sua alma, corpo, boca. Só queria dar pra receber. E deu tudo. Mas não recebeu nada. Talvez o que mereceu, por ser oferecida demais. Lúcia foi um pesadelo na vida de muitas outras. Ainda será. Ela espera que não, reza. Por ela, pelas outras, pelos outros, pros cachorros, pros pais dela, pelos seus avós, pela sua pele delicada, pelo seu corpo quente, por tudo o que vivera com Lúcia, tudo aquilo que não vivera. Era inverno mais uma vez. Mais uma vez ela esquecia. Mais uma vez ela queria esquecer.
- Lúcia, você volta? Não volta, por favor.
- Eu nem te conheço mais. Nunca te conheci. Não fala mais comigo.
- Quem não quis foi você.
- Eu nunca disse que queria.
Lúcia sabia ser grossa. Sabia ser irritante. Sabia provocar a máxima dos sentimentos ruins: a raiva. Com a raiva você perde a cabeça, diz um monte de merda. Mas ela não sentia raiva. Seu espírito não sabia mais o que era isso, depois de tanto tempo sentindo apenas prazer. Lúcia tinha seu lado bom. Seu único lado bom. Seu prazer.
- Let's make love?
- Prefiro meditar.
Karin Segalla Ferreira.
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