sábado, 25 de abril de 2009

"Um beijo rápido como aquele instante. Mas ardente como o amor"

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Sábado

Diante da ausência que ela havia lhe causado
só restava olhar pela janela;
ver os carros passando... em câmera lenta,
imaginar o que acontecia em cada andar do prédio ao lado.
Ela observava atentamente cada movimento das janelas,
a forma como as cortinas se abriam e fechavam
com o bater do vento e os passos das pessoas
caminhando pela rua movimentada de um sábado a noite.

Foi um sábado de surpresas, experiências e medos.
Talvez não surpresas, mas sorte.
E quem sabe não experiências, mas sim vivências
de ausência de medos e o esquecimento daqueles profanos beijos.

A ausência mais uma vez.
A falta do que se quer ter e não se tem.
O não saber como fazer, o que fazer, quando fazer.
E eu fico à deriva.
Na beira de um abismo.
E acredito que nem mesmo o todo sábio cinismo
tenha a audácia de me dizer que ela não me quer mais.


Karin Segalla Ferreira

domingo, 12 de abril de 2009

XI

Eu achava que ninguém merecia lágrimas minhas. Nunca tinha chorado por amor. Nem nunca, nem tanto. Por nada. Nunca tinha falhado tanto, em tão pouco tempo. Talvez nunca tenha machucado alguém antes e acho que nunca me fiz machucar. Ultimamente só sei escrever sobre ela. E a elegância em que me encontro, com o meu andar meio torto, minha loucura - junto a minha dor.

X

Meus olhos opacos retratam a esperança que tenho, mas não tudo o que anseio. (As noites sem dormir e o fruto do meu desamor. Porque o amor não foi suficiente, não com ela). Antes punham lágrimas em olhos de quem não merecia, hoje sou eu quem chora pelos castelos construídos. Areia... que o vai e vem das ondas levou. Mais uma noite. 432h + 2h56m. Aprox. 70h dormidas. 18 noites.

IX

Acho mais uma vez. E dessa vez acho que vou caminhar sozinha. Quem sabe eu chego mais rápido. Mas... a quem eu quero enganar? Pf.
Estou num quarto, só. Com insônia e o tempo não passa. "Se não for pra sofrer de amor não tem graça."

XI

Estou tentando botar um ponto final. Pro meu sentimento por ela e pro que escrevo. (Linhas maltraçadas; ausências vividas).

IX

E ela esqueceu. Esqueceu do ritmo dos nossos quadris em sincronia, do beijo procurado na cama proibida. Dos nossos corpos em sintonia numa manhã de riso e silêncios, e ao mesmo tempo perdida. E perdida no tempo silenciava mais uma vez minha boca, meus ouvidos e meu sorriso. Deja vu. Pequena fração de segundos em que estava aqui. Estou. Mais uma vez. Pensando nela, não no que ela me fez, mas no que eu causei dentro dela;
- mas o que eu perdi dentro de mim mesma.

VIII

Eu acho. Acho tanta coisa em tão pouco tempo. Tenho mil idéias, planos, e em anos não concretizei nem 10%. Mas é o tempo que fica nesse passa e não passa, não pára e nunca envelhece. E você, que tinha lembranças minhas, olha para o lado, vê outro alguém e me esquece.

VII

Fico sem resposta. Agora olho para o nada absoluto. Penso. Respiro fundo e penso de novo. Nada vai me trazer você de volta, eu sei. Mas também sei que a certeza de te ter de volta em meus braços, te envolver num abraço, é certa de voltar a acontecer. E retomar ao rumo do meu compasso.

VI

O que me resta são essas noites regadas a vinho tinto e outros acompanhantes de insônia. Memória vaga do encontro de mim mesma em teu olhar. Lembrança límpida do encontro da tua boca na minha, com vontade de nunca mais parar. E agora fica tudo cinza. Qualquer mensagem é incomodo, cada encontro uma cerimônia.

V

E de cima caem os fatos, os anéis guardados. Os trocados sem garantia. Rosas e espinhos... manhãs de insônia ao teu lado. Flores que murcharam porque não foram regadas. Nosso amor (esse silêncio e algumas palavras) que não cultivei e acabou pra sempre.
- Hoje sinto falta; viagem ao teu corpo, almoço, brigas, tantas coisas...
- Hoje não tenho nada.

IV

Procurando uma resposta que não sei de onde vem. Olho pra cima. Imagino situações sem nexo em que estou ao teu lado.Lembro dos nossos momentos e ao mesmo tempo esqueço todo o passado. Arde. E silencia o que eu não quero sofrer. Encarar a realidade? Não. Quem sabe a covardia, que é só para os fracos.
- E que eu tenho tanto medo de ter.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Insônia

Meu choro revela muita coisa:
o erro cometido,
a saudade do tempo perdido,
a esperança que ela diz que tem que morrer.
Talvez eu me cale e nunca mais me expresse sentimentalmente.
Ou, simplesmente me perca entre as palavras
e as afogue em papéis de seda toda vez que ela me vier ao pensamento.
- Meu canto diz tudo.

(Seca meu pranto e diz o quanto a amo)


Karin Segalla Ferreira

Página 1

Eu poderia ficar horas escrevendo sobre ela. Poderia ficar horas escrevendo sobre qualquer coisa. Desde que conhecesse o assunto. Mas não sobre mim. Sobre mim eu sei quase nada. Sei que gosto de Cazuza e me apaixono fácil. Sempre sou burra e quebro a cara (em qualquer assunto). É uma ótima definição! Ah! Tem outra: Menina mimada tentando a sorte num caça-níquel em Vegas, ora essa! Não. Não quero nunca me definir. Ou, talvez um dia precise. Quem sabe quando eu voltar a fazer terapia. Mas voltando ao fio da meada. Ela. É sobre ela que eu falo, é nela que eu penso o tempo todo, e é sobre ela que eu vou escrever aqui. São 02h45min, e eu tive um dia longo. Ela também deve ter tido, com seu trabalho de designer e seu curso de Psicologia na Federal. Eu não fiz nada. Só fui a Biblioteca ler alguma coisa e jogar conversa fora com a minha ex-chefe. Tomar café no Lucca, como de prache fazíamos e me lamentar sobre a paixão perdida por entre os dedos.
A minha sorte é que ela ainda fala comigo, ainda me liga. Se fosse o contrário, em alguma noite de insônia, sem rivotril, eu já teria dado cabo dessa minha vida. Na verdade acho que só não o fiz ainda por medo do umbral. E medo de que a outra vida pode ser muito pior que essa. Minha vida não é ruim. Ela ficou ruim. Não era. Ficou quando eu resolvi inconscientemente repulsar as pessoas que me amam. E são as que mais importam.
Eu, estudante de Letras na PUC. Não, eu não gosto do curso. Só faço pra escrever melhor e saber mais sobre literatura. Parece ser um curso inteligente, de pessoas inteligentes. Por isso o curso.
Mas, voltando a falar dela. Eu a amo. Eu a amo o infinito. Não sei quantas vezes, ou quantos dias vou ter que acordar e saber que ela não está mais ao meu lado. Quantas vezes vou ter que não dormir, e quando for dormir não poder ligar para ela para desejar boa noite. “Boa noite amor, durma com os anjos”. Ela não acredita em anjos. Mas eu sei que os bons e iluminados estavam ao lado dela, fazendo com que ela tivesse uma boa noite de sono, toda vez que eu desejasse.
Encontrei ela na rua de casa. Eu estava com uma flor, uma rosa em punho. Cor de champagne. Comprei na praça com todo carinho e afeição que se pode comprar algo para alguém. Ela estava linda. Mais uma vez: linda. Estonteante. Desde que terminamos ela vive assim. Lógico, deve ter sido um alívio para ela se livrar de mim. Eu fui uma pessoa que nem eu sabia que podia ser. E na verdade, já a estava sendo há um bom tempo. Só não havia percebido ainda.

domingo, 5 de abril de 2009

Ok.
Ela passou por muita dor quando eu fui uma babaca.
E eu até acho que sempre fui babaca com ela. Por quê?
- Não sei.
Acho que porque sou babaca comigo mesma. E por consequência, com todo mundo.
Um dia é da caça e outro do caçador. Ótimo.
É a minha vez de sofrer.

Saudades pequena

Ah, eu queria escrever um livro sobre ela!
Descrever a sensação que é olhar para aqueles olhinhos tão lindos... Aquela boca...
Tentar por em palavras como é duro não chorar ao pensar em tantos erros que eu cometi.
- Que ocasionaram a nossa separação.
Cada relacionamento é sempre um grande desafio pra mim
Eu não sei me expressar. Não sei lidar com pessoas.
As pessoas são dificeis pra mim. Eu sou difícil pras pessoas.
Justamente porque não sei lidar com elas.
Comprei uma bobaginha hoje, uma pequeneza, um mimo.
Uma coisica de nada. Mas que eu vi muita coisa dentro.
Aí fiquei imaginando, e é o que estou fazendo até agora,
como uma pequena coisinha dessas pode causar tamanho sentimento em alguém?
E como um ato de ignorância e prepotencia pode minar um sentimento tão grande.
- Um ato falho. (Bobo).
Ok. Vindo de mim não é bobo. É burro ao extremo.
To cansada de errar e me foder com meus erros.
Agora, eu quero só chorar, escutar Cazuza e pensar nela.
Mais nada até essa dor miserável passar.


Karin Segalla Ferreira

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nádegas à declarar

eita essa saudade que não me deixa
que me arde e me condena
me faz crer que o teu sorriso perto do meu muda tudo
teus olhos fazem se perder da boca as palavras
e faz com que o meu silêncio
diga cada vez mais.


Karin Segalla Ferreira


Desabafo-zinho às quatro da tarde.

Sociedade do conhecimento

Tudo que se quer, se consegue?
Hoje eu quero esquecer da noite de ontem.
Noite de insônia e tragos, bebidas e drogas.
Hoje eu tenho prova, não estudei porra alguma,
e ainda quero ir bem.
Não. Tenho que admitir. A ignorância
da sociedade do conhecimento é o que assola todo mundo.
Mais precisamente, a própria sociedade.
E o desequibíbrio da sobriedade...
Por consequência os ignorantes.
Eu.


Karin Segalla Ferreira