sábado, 27 de outubro de 2012

No, no, no

Escrever. Escrever mais e mais. Pra ver se essa ânsia passa. Parece qualquer outra coisa, mas é, sim, aquela tristeza. Cantar pra subir. Quem sabe sonhar. Viver num sonho bom. Será que eu vou conseguir me permitir? Meu chicote é valente. Mas minha vontade de ser feliz também. Há dias ela não tem mostrado sua cara. Mas eu tenho fé. Não quero ter que me matar por me sentir insatisfeita com tudo e todos. Ainda espero coisas fantásticas acontecerem. Não consigo me identificar com o simples, com o só por hoje, com a humildade. E é exatamente por isso que eu vou continuar voltando, investindo, tolerando, aprendendo a amar, aprendendo a ser paciente, aprendendo. Tenho preguiça, levo na força, na falta de boa vontade muita coisa, muitas coisas. Engraçado, essa insatisfação nunca saiu do lugar. Sempre esteve aqui. Ainda não sei o que fazer. Mas não tenho vontade de fazer nada, e deixar que um breve sopro me leve num vento amargo de dor em lentidão e morte. Tenho comportamentos de um suicída que não quer morrer. Mas quer se matar. Ou que quer morrer e não quer se matar... Coragem sempre foi minha maior falta. Acho que só não o faço pela esperança de ter algo melhor amanhã, e pelos meus pais. Tenho um certo fascínio pela morte, pela lascívia, pela falta de caráter, pela prostração por algo que me gere intenso prazer. Mas também tenho medo de nunca mais existir, de pecaminar pelos umbrais, de não ter controle sobre as minhas vontades insanas. Tenho medo de culpar Deus, por permitir. Medo de não conseguir calar a mente, o corpo, os olhos, a alma. Medo de morrer sozinha, não casar. Medo de casar e morrer sozinha. Medo de arriscar um casamento, "e se não for a vontade de Deus?". Estarei eu, afinal de contas, pecando por tentar? Jogando fora meu tempo de vida, investindo em algo sem futuro? Só sei do que não gosto. E no momento não gosto de nada. Nadinha. Nada mesmo. Choro de barriga cheia. Mas vai passar. Só vai durar enquanto eu amar a melancolia. E ela é só um motivo pra eu escrever demais. Sonhar demais. Ser ingrata, fútil e sem sentido. Bem menina de prédio. Ranheta, metida. Insegura, insuportável. Falsa, babaca. Não sei quem sou. Eu (que não sou).