domingo, 9 de novembro de 2014

The drum beats out of time

"Meu coração não consegue despertar levemente". 


Assim como uma bateria, que bate completamente fora do tempo, o peito de Vicentina esboça toda a dor que sente. As mãos isolam toda a absoluta certeza de qualquer ritmo compassado que possa vir a bater nessa música. Porque não existe nenhum par para dançar. E quando Vicentina diz "par", sim... ela se refere a Lúcia, que por sua vez' está mais uma vez' perdida. Lúcia não fica perdida como um ritmo descompassado. Lúcia se esquiva de si mesma como um grande lutador de Boxe. Daqueles que não usam luvas e acham que dão conta de absolutamente toda e qualquer porrada, seja de onde vier. Os perdões estão acessíveis. Mas Vicentina ainda não os quer. Prefere, ainda, ficar ponderando e criando em sua ávida mente, medidas mais cautelosas de curar seu porre de amor. Ainda não está de ressaca. Conta que ainda pode contar com Lúcia, mas nem ela consegue acreditar nela mesma. Insiste nessa idéia, vaga, louca e travestida. 

-Lúcia! Me veja. Me sinta. Estou acabada. Meus cigarros acabaram. Sei que deixei todos na tua casa. O acaso mais uma vez me deixou só. Me renda, me liberte, me seja. Eu preciso de paz. Me devolve aquela paz que eu tinha antes de ti. Olha tudo que tu fez. E eu ainda estou aqui. Me perca em mim, me devolva ao que eu era, ao que eu fui, e ao que eu entreguei pra ti. Onde estou?

Nenhum comentário: