terça-feira, 22 de abril de 2008

É

[O ontem já fugiu das nossas mãos, se perdeu em nossos dedos.
O futuro está dentro de nós mesmos.]

Eu aprecio a vida, aprecio os adoradores dela
Aprecio seus amores - seus pecadores
Aprecio o sangue da inocência
Suas paixões e sentimentos, dores e conseqüências
ao soprar dos ventos que esperam o calar da noite
para soprarem seus cabelos.

(os cabelos da inocência, cabelos feios! Precisam mesmo é serem lavados, serem pintados, de vermelho, de azul, de luz, de amor.).


Karin Segalla Ferreira

Acabou

Eu penso nos teus beijos. Deleito-me com quem for, pois minha boca morre de sede, meu peito de amor, e nos teus lábios, na tua saliva, eu me alimentava, mergulhava despida, desprovida de mistérios num desejo insípido e sem fim. O prazer de silêncio e som se completava de palavras e ritmos naquele teu mar proibido, naquele teu labirinto. Gozo distante, coagido naquele passado contido nos teus braços.


Karin Segalla Ferreira

Hoje

Eu sou louco
e quando morrer
quero morrer aos poucos
prometo não assombrar teu corpo
prometo manter a minha alma um pouco
longe do amor
prometo estar sempre ao teu lado
vigiando a tua vida
serei teu anjo
cuidarei de ti
e dos teus amores
do céu
e dos seus sabores
e das estrelas
da lua
e das centenas de verdades
e mentiras
loucuras e poesias
pois sou louco
sou poeta
e morreria por ti.
(hoje eu descobri que sou aquilo que quero, e não aquilo que sou.)



Karin Segalla Ferreira

Noite

Aqui tudo se encontra nas palavras
Adormências de um demente
Sentidos, amores fluentes
Mentiras ausentes
Vozes equalizantes
Verdades inventadas
Insônia
Sonhos de um futuro presente
Pílulas tranqüilizantes
E a vida é cheia destas coisas
Amor, preconceito, namoros e seus desfechos
Brigas, sol radiante, mar distante

-Lágrimas, choros constantes.

(palavras doces, amargas da paixão - sombrias lágrimas que chorei em vão.)


Karin Segalla Ferreira

Procurado

Eu procuro me buscar em teu corpo
Procuro me encontrar nas tuas curvas
Pois me perco em teu sorriso
Busco-me nos teus olhos
Encontro-me em tuas pernas
Desencontro-me nos teus lábios
Reencontro-me em tua pele
Escondo-me nela
Veludo rosa que me acalenta
Me sustenta
Protege-me do frio que fora do teu corpo faz
Longe da tua energia eu não vivo
Longe do teu corpo não sobrevivo
Pois sem ti me perco, me busco,

-não me encontro.


Karin Segalla Ferreira

Covardia

Eu sou covarde de não largar tudo e ir atrás do meu amor
de não solidificar as minhas emoções
nas rochas da convicção.
A dor me faz aprender as coisas muito mais rápido
e a velocidade dos acontecimentos me assusta.


Karin Segalla Ferreira

Summer

Sede do infinito - de te ter em todos os sentidos.
O teu sorriso me mostra o caminho, fico preso em teus olhos,
liberto os meus instintos nos teus lábios, me encontro no teu labirinto.
Nessa busca de mim mesmo te encontrei,
buscando em cada caminho as luzes perdidas no teu sorriso;

-buscando te fazer sorrir em cada caminho perdido.


Karin Segalla Ferreira

terça-feira, 15 de abril de 2008

Domingo

Minha cama é pequena.
Mas cabe eu e você.
Você e eu.
Teu corpo no meu e o meu corpo no teu.
"Mentiras sinceras me interessam".


Karin Segalla Ferreira

Perfil

Eu me mostrei tal como fui.
Não me preocupei em retraçar o histórico das minhas idéias;
deixei-me invadir pela lembrança afetiva: minha existência não
me parece constituída como uma cadeia de pensamentos,
mas como uma cadeia de sentimentos,
um "encadeamento de afeições secretas".



Karin Segalla Ferreira

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Votos de submissão

Caso você queira posso passar seu terno,
aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno.

Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio
poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como minha a minha pele de algodão macio,
agora quente, será fresca quando janeiro.

Nos meses de outono eu varro a sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas.

O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas
- Depois plantarei para ti margaridas da primavera e
aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo total desejo de quimera.

Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos.
Mas quando for a hora de me calar e ir embora
sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.

Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola,
mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

(Nem vou deixar - mesmo querendo -
nehuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas
e toda a minha poesia)

Fernanda Young

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sobriedade

Ah! Se eu pudesse embriagar as palavras,
veria o sol, bêbado equilibrista dos céus
nascer em sintonia com teus lábios risonhos...
e a mais distante ilha dos sonhos te levaria,
e beberia em ressequida sede o desequiblíbrio
da sobriedade.



Karin Segalla Ferreira

Coming back to L.A.

Às escuras te beijo a face, o primeiro beijo, e em algumas horas envolvida já não respondo mais por mim - pois sou teu corpo e tua alma, teu espírito límpido e mundano. Aos poucos eu contemplo esse sentimento de um estúpido fruto de lamento e para não resistir à morte eu me jogo em teus braços - abraço a loucura da razão e sou abraçada pela razão da loucura - percorro a minha língua em teus lábios... lábios de bocas mil, beijos de mil lábios sentidos "inverossivelmente" pelos meus.


Karin Segalla Ferreira

Morri

Os sintomas da morte eram visíveis em meus olhos, que aos poucos se partiam por entre o teu corpo. Ao teu caminho eu sigo alucinado e me vejo cada vez mais sublimado nesse desejo insípido.
E os subterfúgios pros teus beijos...Ah! quem me dera romper a manhã ao teu lado... viajar em teu corpo em profundo delírio e recitar em rimas de beijos o meu sentimento mais profano.



Karin Segalla Ferreira

Argúcia

Da cabeça aos pés tudo é perigo, tudo é proibido.
Dois corpos despidos e um desejo incerto no escuro do precipício.
Teu beijo doce, tua boca fugaz nos meus lábios,
amargura impiedosa que me tortura, argúcia iverossímil
que me encontro imerso.
Sou pecador, da vontade, do desejo... e de um ensejo calado saio
com exatidão à procura dos teus passos, e num trago me desmonto.
Nesse fervor de angústia, nessa vontade de liberdade faço os versos
de um inverso desconhecido - na minha cara estampado e entre
rimas convertido.



Karin Segalla Ferreira