quinta-feira, 17 de março de 2011

Lúcia e o séc. XVIII

Lúcia e a sua magia cáustica, que queima, fere e faz sentido. Continua lá. Sem se mexer. É dia de semana. O vento continua forte, embaraçando seus cabelos. Coloquei aquela capa ao lado do meu desejo latente de possuí-la. Tudo está longe. Sensações adversas, quinta-feira parece sempre ser assim. Estou sempre a esperar algo novo, que venha acontecer possivelmente na sexta, e dessa vez será no sábado. Demora. Vou partir. Não quero voltar, não quero viver tudo outra vez. A lobotomia está em meus planos. Ou não. Quero fugir de novo. E de novo, e mais uma vez. Sombras me atacam constantemente. E esse pesadelo simplesmente parece que não vai passar nunca. O fim é imperceptível. A dor continua imanente. Não sofro. Mas sinto calafrios o tempo todo. Meu corpo está desprezível. Já não penso mais, só penso em coalhar o mármore com cada molécula e célula que possuo. Tenho medo. Tenho ânsia de suicídio. Estou em 1774. Transbordam todos os fatos e atos falhos. Vivo em uma tempestade. Início do ímpeto selvagem. Tudo isso virará poesia.


- Algum dia.






Karin Segalla Ferreira

Nenhum comentário: