quarta-feira, 10 de março de 2010

A voz se cala e diz: até mais

Começara a escrever pequenas cartas de amor. Nunca enviadas. Desejara ter aquela mulher que o servia de exemplo para o que não se deve ser como um fruto proibido. Uma mulher que jamais seria humilde o bastante para dizer por suas próprias palavras o amor. Aquele que se sente mais do que qualquer outra dor pungente, mais do que qualquer sentimento de felicidade ou angústia, é aquele que se sente por todo o momento penetrando nas veias e disparando o coração.
Em um descompasso incessante de torpor, ele sentia aquela boca tocando a sua mais uma vez. Sentia suas mãos pulsarem junto daquelas que tanto desejara, assim, subiu aos céus. Quis acreditar que aqueles breves instantes de satisfação momentânea durariam para sempre. Ela? Ela não sentia mais nada. Apenas queria prazer. Prazer por prazer. Não pensava em satisfazê-lo, queria apenas que ele ficasse aos seus pés. E assim, poderia satisfazer-se completamente. Suas vontades, como mulher, eram superfluas. Ela queria homens aos seus pés por onde fosse. Cavalheiros que viessem acender o seu cigarro francês e a seduzissem pelo simples fato de ela ser irresistível. Ela gostava disso. Mas ele não. Ele a observava de longe, por muitos anos. Sonhava com ela quase todas as noites. Fazia juras de amor eterno, acordava, dormia, e sonhava o mesmo sonho. Cada vez mais real, e cada vez mais ele acreditava em suas utopias.

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