Sempre acreditei que naquele sorriso haviam mais do que simples versos cantados brevemente numa canção de amor em A6. Mais do que um gesto cordial e verdadeiro. Nas palavras de Silvia o mar se abria por uma indelicada vírgula. Seus espaços de tempo entre uma folha e outra eram impreterivelmente assinados por duas rubricas e um acento circunflexo enorme em cada fim de página. Mais um verso que ganhava corpo e som. Mais uma dívida que pagava pra ela mesma, mais um alívio que se esgotava num corpo cheio de suor e lágrimas contidas. Seus versos nunca a pertenceram. Muito embora ela continue acreditando que são seus. Ela quis guardar os pratos e fechar as janelas. Não espiou mais por nenhuma fresta enquanto ouvia o indecifrável barulho de fora... cenas musicais.
Continua...
Karin Segalla Ferreira.
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